Lição 02 - Serviço e Fé


"O trabalho da sua alma ele verá e ficará satisfeito; com o seu conhecimento, o meu servo, o justo, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si" - Isaías 53.11

Texto Bíblico Básico: Mateus 8.2-4; Marcos 5.25-29; Marcos 10.42-45



1. OS COADJUVANTES

1.1 - Febe, uma colaboradora valiosa

Febe era uma cristã bem conhecida que tinha um ministério na igreja em Cencréia, cidade portuária a alguns quilômetros a leste de Corinto. Paulo a chamava de "irmã" e "serva", e usa o mesmo termo o qual deriva a palavra "diaconisa" (Rm 16.1). Não está claro se é uma alusão a uma função específica (Fp 1.1; I Tm 3.8,12), ou uma designação mais ampla para descrever alguém, que estava envolvido efetivamente no trabalho da igreja local (Ef 3.7; Cl 1.7). De qualquer maneira, é certo que Paulo tinha alta consideração pelo trabalho de Febe para o Senhor. O apóstolo pede aos irmãos de Roma que Febe seja auxiliada de todas as maneiras possíveis. Evidentemente, ele tinha um trabalho específico a desempenhar ali e a igreja deveria dar-lhe toda a ajuda necessária.

1.2 - Apeles, aprovado em Cristo

Paulo enviou saudações a este cristão romano, que fora "testado e aprovado em Cristo" (Rm 16.10). Talvez ele tenha, como o apóstolo, sofrido perseguições, contudo, nenhuma informação adicional é dada. O cuidado pastoral de Paulo e a sua consideração por indivíduos são frequentemente destacados em suas cartas.

2. OS ENFERMOS INOMINADOS

2.1 - A Mulher do Fluxo de Sangue

O que há de tão importante no milagre da mulher com um fluxo de sangue que levou três evangelistas a narrarem o milagre? No que implicava uma mulher sofrer hemorragia constante àquela época? Como dimensionar a fé em Cristo daquela mulher?
Em primeiro lugar é essencial deixar registrado que os milagres narrados pelos apóstolos têm a função precípua de levar os homens a crerem que Cristo é o Filho de Deus “Jesus, pois, operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” ( Jo 20:30 -31).

Marcos e Lucas registraram que a mulher já havia gasto todos os seus bens com médicos, porém, não puderam curá-la ( Mc 5:26 ; Lc 8:43 ). Já os evangelistas Mateus e Marcos destacam que uma mulher sofria de hemorragia há doze anos e, ao ouvir falar de Jesus, passou a acreditar que, se somente tocasse em suas vestes haveria de ser curada “Porque dizia consigo: Se eu tão-somente tocar a sua roupa, ficarei sã” ( Mt 9:21 ). Porém, havia um entrave: A mulher por ter um fluxo de sangue, pela lei de Moisés era considerada imunda "Também a mulher, quando tiver o fluxo do seu sangue, por muitos dias fora do tempo da sua separação, ou quando tiver fluxo de sangue por mais tempo do que a sua separação, todos os dias do fluxo da sua imundícia será imunda, como nos dias da sua separação" ( Lv 15:25 ). Ela considerou em seu coração que bastava tocar na orla das vestes de Jesus que seria curada, porém, como aproximar-se de Jesus sem contaminar a multidão? O que faria a multidão caso descobrisse que uma mulher imunda havia saído em meio ao povo e tocado deliberadamente em todos que ela esbarrava? "Ou, quando tocar a imundícia de um homem, seja qualquer que for a sua imundícia, com que se faça imundo, e lhe for oculto, e o souber depois, será culpado" ( Lv 5:3 ). Como aquela mulher sairia de casa, se os vizinhos que sabiam daquela doença podiam recrimina-la por causa da lei? O que fariam os religiosos se a descobrissem no meio da multidão? Além do sofrimento físico e da desesperança, a mulher do fluxo de sangue não podia participar das festas religiosas. Ela não podia ficar fora do templo junto com as outras mulheres e nem ir a sinagoga ( Lv 15:25 -33). Ela tinha que permanecer confinada e isolada! Não podia relacionar-se com as pessoas, nem mesmo com os seus familiares, pois tudo o que ela tocava tornava-se imundo!

Embora ciente dos riscos de ser surpreendida, a mulher entrou no meio da multidão e, ao chegar por trás, tocou na orla das vestes de Cristo e, imediatamente, ficou sã. Foi quando Jesus perguntou: “Quem é que me tocou?” ( Lc 8:45 ). Como deve ter ficado apreensiva a mulher quando foi descoberto o seu ato de tocar nas vestes de Cristo! - Será que Jesus vai me recriminar por ter saído em meio a multidão sendo imunda? O que dirão os seus discípulos e a multidão? Será que todos ali presentes serão concitados a se recolherem em casa para cumprirem o tempo determinado na lei para a purificação? "Ordena aos filhos de Israel que lancem fora do arraial a todo o leproso, e a todo o que padece fluxo, e a todos os imundos por causa de contato com algum morto" ( Nm 5:2 ).

Enquanto as questões se avolumavam na mente da mulher, Jesus continuava a perguntar: “Quem é que me tocou?” ( Lc 8:45 ). A multidão continuou negando e, Pedro juntamente com o outros discípulos tentaram dissuadir a Cristo argumentando: “E, negando todos, disse Pedro e os que estavam com ele: Mestre, a multidão te aperta e te oprime, e dizes: Quem é que me tocou?” ( Lc 8:45 ). Jesus, porém, continuou a olhar entre a multidão para ver quem havia lhe tocado! No verso 33 de Lucas 8 fica nítido o quanto ela considerou antes de revelar-se, pois, sabia que havia contrariado a lei indo até Jesus em meio a uma multidão. A mulher ciente do que havia ocorrido, com medo e tremendo, aproximou-se, prostrou-se diante de Cristo e disse toda a verdade. Foi quando Jesus lhe acalmou ao dizer: “Filha, a tua fé te salvou; vai em paz, e sê curada deste teu mal” ( Lc 8:48 ).



A confiança desta mulher nos ensina que Jesus é a água viva, fonte inesgotável, pois qualquer imundo que tocá-lo é limpo da sua imundície A confiança que ela depositou em Cristo era diferente da confiança que tivera nos médicos. A confiança nos médicos levou-a a gastar tudo o que possuía, mas a confiança em Cristo levou-a a desafiar as suas próprias crendices, as disposições da lei e a religiosidade: aquele homem tinha poder para sará-la daquele mal. Se a noticia acerca de Cristo não houvesse operado uma transformação  no modo de pensar da mulher, jamais ela iria intencionalmente tocar em Jesus, pois estaria presa ao pensamento de que poderia contaminá-lo. Após apresentar-se prostrada aos pés de Cristo diante da multidão, e tendo declarado a sua intenção e confiança, Jesus lhe disse: “Filha, a tua fé te salvou; vai em paz, e sê curada deste teu mal” ( Mc 5:34 ).

2.2- O Leproso

A lepra e os leprosos na época de Jesus
Na época de Jesus a lepra era uma doença terrível e incurável. Desde o momento em que era constada a lepra, o leproso era privado do convívio das outras pessoas e ficavam em um lugar isolado. O Novo Testamento nos mostra a situação dos leprosos, a sua vida em cavernas afastadas das pessoas. Se porventura um deles tivesse de andar ao encontro das pessoas, teriam que tocar um sino, para se auto anunciar e determinar a distância. Isto queria dizer que estava passando um imundo, um contaminado pela lepra. A situação do leproso era humilhante, visto que a lepra era considerada no Judaísmo um estado de grande impureza, sua situação não tinha solução. Em caso de um leproso tornar-se curado, ele teria que ir até o Templo de Jerusalém se apresentar ao sacerdote que o examinava e o liberava para conviver com qualquer pessoa. Jesus sabedor das normas do Judaísmo depois da cura do leproso ordenou que fosse se apresentar ao sacerdote. A narrativa confirma que no mesmo instante, a lepra desapareceu.

Jesus vem trazer vida ao leproso excluído do convívio social.
A cura da lepra realizada por Jesus (Mt 8.1-4), demonstra seu poder divino, mas também tem um caráter de libertação da exclusão social, causado pelo sistema religioso do templo.
Num primeiro momento Jesus, respeita o sistema do Templo vigente enviando aquele homem de fé para se apresentar aos sacerdotes no Templo de Jerusalém, para que sua vida e inserção na vida social não fossem complicada perante as lideranças judaicas. Jesus via que além da cura era necessário a integração social conforme o costume.

Jesus e o Leproso
O Leproso emerge da multidão e vai até Jesus para solicitar sua cura. Jesus numa atitude inusitada, que deixou estarrecidos todos os chefes do Templo e lideranças judaicas, toca no leproso para realizar a cura. Esta atitude de Jesus contraria ao sistema do puro e impuro do Judaísmo, tocar em um leproso ou em um defunto a pessoa se tornaria impura, Jesus passa a ser mal visto pelas autoridades. Logo em seguida o leproso se apresenta no Templo e diz que foi Jesus que o curou, acendendo mais ainda a raiva e a inveja das autoridades.

2.3 - Fé, o agente precipitador de milagres
O evangelista Mateus registra algo muito interessante a respeito da passagem de Jesus Cristo pela região de Seu nascimento, na cidade de Nazaré:“E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.” (Mateus 13.58). Apesar de reconhecerem de certa forma o poder de Jesus ali naquele lugar (Mt 13.54-55), não deram a devida honra a Jesus e nem creram verdadeiramente nele, antes, ficaram escandalizados com o ministério de Cristo, ridicularizando-o, a ponto de Jesus criticá-los: “E escandalizavam-se nele. Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra, senão na sua terra e na sua casa.” (Mateus 13.57)
O ponto mais forte de todo esse episódio vivido por Jesus foi o fato de Ele não ter realizado muitas obras ali, segundo o evangelista, por causa da incredulidade daquelas pessoas. Isso me leva a pensar em algumas questões a respeito da fé e da ação de Deus na vida das pessoas:

Deus precisa da fé das pessoas para fazer milagres?



 (1) Deus só realiza milagres onde existe fé? Não. O texto afirma que Jesus não fez “muitos” milagres ali. A graça comum de Deus – pela qual Ele derrama de Suas bênçãos sobre justos e injustos (Mt 5.45) – sempre será derramada sobre o homem em forma de milagres diários que Deus realiza nessa terra, independente de qualquer mérito ou ação do homem. Porém, Deus poderia ter feito muito mais milagres ali em Nazaré se encontrasse fé verdadeira na vida das pessoas. Outras cidades foram muito mais impactadas pelo poder de Jesus, pois tinham pessoas com fé verdadeira. Nesse caso, a região de Nazaré deixou de ganhar não crendo em Cristo. Teve grandes prejuízos, pois deu mais valor ao seu pecado que ao convite de Jesus Cristo.

(2) Deus precisa da fé das pessoas para agir? Não. A falta de fé das pessoas não limita o poder de Deus. Ele pode realizar coisas na vida das pessoas tendo elas fé ou não. Porém, o padrão de ação de Deus visto na Bíblia, não é estimular as pessoas a verem para crer, mas crerem para ver. Ou seja, os milagres são instrumentos para direcionar e confirmar a fé que as pessoas têm em Cristo. Era muito comum Jesus dizer aos que curava: A sua fé te salvou (Mt 9.22). Ou seja, a fé já existia e foi fortalecida e confirmada. Era muito comum também Jesus não ser favorável a que fizessem publicidade de Seus feitos para que as pessoas não fossem até Ele apenas por interesse (Mt 8.4).

(3) Podemos perder muitos milagres de Deus pela falta de fé? Sim. A falta de fé é mostrada nesse texto como um fator limitador da ação de Deus: “E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.”. Como já explicamos, isso não significa que ela limita o poder ou o plano de Deus, e sim que limita o propósito da ação de Deus na vida das pessoas, já que Deus não faz milagres apenas por fazer, mas sempre com propósitos maiores do que os que possamos imaginar. Certamente muitas pessoas deixam de viver milagres de Deus em suas vidas por causa de sua incredulidade. A cidade de Nazaré poderia ter vivido muito mais bênçãos de Deus se fosse receptiva a Jesus Cristo. Precisamos reavaliar a nossa fé. Talvez, pela falta dela, estejamos deixando de viver grandes coisas de Deus em nossas vidas. Que Jesus diga da minha e da sua vida: “E fiz ali muitos milagres, por causa da fé deles.”

FONTES DE PESQUISA
http://www.estudobiblico.org
www.abiblia.org 
http://www.esbocandoideias.com

Livro: Quem é Quem na Bíblia Sagrada -Ed. Vida


IMAGENS ILUSTRATIVAS

Google

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