Lição 03 - Esperança, Paciência, Perserverança

 Texto Áureo: "Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração" -  Romanos 12.12
Texto Bíblico Básico: Mateus 15.21-28; Lucas 11.9-11

MILAGRE, UMA EVIDÊNCIA DA INTERVENÇÃO DIVINA
Os milagres ajudam-nos a lembrar que nada é demasiado difícil para Deus. A Bíblia diz em Êxodo 14:21-22 "Então Moisés estendeu a mão sobre o mar; e o Senhor fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite, e fez do mar terra seca, e as águas foram divididas. E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas foram-lhes qual muro à sua direita e à sua esquerda." Os milagres ajudam a ressaltar o poder e a divindade de Jesus. A Bíblia diz em João 2:11 "Assim deu Jesus início aos seus sinais em Caná da Galiléia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele." Os milagres nunca devem eliminar a necessidade de uma fé pessoal em Cristo. A Bíblia diz em João 20:29-31 "Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram. Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro; estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome." Os milagres confirmaram o ministério da Igreja Primitiva. A Bíblia diz em Atos 5:16 "Também das cidades circunvizinhas afluía muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais eram todos curados." Ainda que os milagres sejam um sinal do poder de Deus, devemos ter cuidado pois Satanás também pode fazer milagres. A Bíblia diz em Apocalipse 16:14 "Pois são espíritos de demônios, que operam sinais; os quais vão ao encontro dos reis de todo o mundo, para os congregar para a batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso."

A ORIGEM DO PROBLEMA
Na Fenícia dos tempos neo-testamentários morava uma mulher de origem siro-fenícia com sua filha ainda pequena. A Bíblia não nos diz o seu nome, nem se era casada, viúva ou mãe-solteira. Apenas encontramos essa mulher em grande desespero diante do quadro de sua filha estar possuída por espíritos malignos. Era fácil perceber que eram espíritos malignos que atormentavam a menina, pois não havia um diagnóstico médico preciso. As atitudes da menina não condiziam com o seu estado normal no dia-a-dia.
Aquela mulher não encontrava alívio na religião da Fenícia, ou da Síria, pois os deuses pagãos não se importavam com esse tipo de sofrimento. Ela não podia ter paz vendo a menina sendo atormentada e desejava a tranqüilidade, o bem-estar de sua filha mais do que tudo…

Quem sabe, lá na fronteira com Israel, nas regiões de Tiro e Sidom, as famosas cidades da Fenícia, aquela senhora ouvira falar de Jesus de Nazaré, o doce rabi da Galiléia, a quem os judeus chamavam: “Filho de Davi”? Quem sabe ela ouvira contar as histórias fantásticas das curas que o Senhor já operara em Israel? Da vista restaurada ao homem cego de nascença, que já tinha mais de quarenta anos de idade. Dos dez leprosos que foram curados, e que apenas um voltou para agradecer, e este era samaritano… Da multiplicação que Jesus fizera dos cinco pães e dois peixinhos para alimentar uma multidão de mais de cinco mil homens, fora as mulheres e as crianças?
Quem sabe, esta mulher ouvira alguém contar como Jesus de Nazaré era uma pessoa tão especial, que se compadecia do sofrimento das pessoas e aliviava o fardo delas? Ouvira dizer que todos traziam os seus enfermos, com todo o tipo de doenças e Ele curava a todos indistintamente. Como ele havia libertado o endemoninhado gadareno, que andava desnudo pelo cemitério e se feria com pedras, e ninguém conseguia prendê-lo – era mesmo um caso perdido… E como Jesus se encontrou com aquele homem desprezível e o libertou completamente. Os gregos da região de Decápolis, onde morava aquele homem, vieram à beira-mar e encontraram o antigo “louco do cemitério” agora vestido, assentado aos pés de Jesus e em perfeito juízo…Quem sabe aquela mulher ouvira dizer que os judeus estavam esperando o seu “Messias” ou o “Ungido de Deus”, o “Cristo” e que Jesus de Nazaré se enquadrava no perfil daquele que viria para salvar a nação e implantar o seu Reino na terra? Os discípulos dele o chamavam de “Filho de Davi”…
Foi então que aquela mulher decidiu procurar Jesus… Ele era a resposta para as suas indagações, o remédio para o seu sofrimento. Certamente ele era o alívio para a sua dor.Ela soube que Jesus estava bem perto de sua cidade. Parecia até que ele estava vindo ao seu encontro, e ela não poderia perder essa chance de ouro… O texto sagrado nos diz: “[...] entrando numa casa, (Jesus) não queria que alguém o soubesse, mas não pôde esconder-se; porque uma mulher, cuja filha tinha um espírito imundo, ouvindo falar dele, foi e lançou-se aos seus pés.” (Mc 7.24-25). Ela decidiu ir ao encontro do Mestre, pois sabia que a solução para o seu problema estava com ele. Ela precisava apenas de expor-lhe sua dificuldade, e isso faria, custasse o que custasse…
Mateus escreve o seu Evangelho para os judeus e nos conta alguns detalhes: “E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: ‘Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada’. Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: ‘Despede-a, que vem gritando atrás de nós’. E ele, respondendo, disse: ‘Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel’. Então chegou ela, e adorou-o, dizendo: ‘Senhor, socorre-me!’.” (Mt 15.22-25).
Ela havia usado uma expressão dos judeus: “Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim”. Foi dessa forma que o cego Bartimeu fora atendido, e tivera a vista restaurada. Como “Filho de Davi”, Jesus certamente atenderia aos seus apelos em favor da filha. Vestida como grega, de origem siro-fenícia, com todo o sotaque estrangeiro, ela pôs-se a gritar, num gesto de desespero como o de quem não tem mais para onde ir. E Jesus não lhe respondeu. Ele continuou quieto, apesar dos discípulos lhe pedirem que a atendesse ou que fizesse alguma coisa para despedi-la.
“Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos.” (Mt 15.26). O que você faria com uma resposta destas de Jesus ao seu pedido de ajuda? Como você se sentiria sendo excluída da mesa das bênçãos do Senhor? Talvez muitos de nós,  nos recolhêssemos de volta para casa pensando que Jesus não era tão bom como diziam… Talvez pensando: “Todos nos rejeitam, até mesmo Jesus [...]”.Aprendemos lições preciosas com essa mulher humilde e corajosa. Ela não desistiu. Ela sabia que pesava sobre os seus ombros o bem-estar da filha. Estava disposta a pagar o preço que fosse para levar sua bênção para casa… “E ela disse: ‘Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores’.” (v.27). Jesus não resistiu ao seu coração quebrantado e humilde. O seu amor aguardava que ela reconhecesse que era estrangeira e precisava chegar-se a Jesus não como uma judia, usando expressões dos judeus, mas deveria se abrir como era, gentílica, e apenas expor sua necessidade. Vale a pena se humilhar diante do Senhor. Vale a pena confiar em seu amor. “Então respondeu Jesus, e disse-lhe: ‘Ó mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu desejas’. E desde aquela hora a sua filha ficou sã.” (Mt 15.28). Não houve em Israel uma mulher que recebesse tal elogio do Senhor. Ela ficou eternizada por sua fé e humildade. Que tal também proceder da mesma forma? “Quem se humilha será exaltado”. 
JESUS, A PESSOA CERTA
O encontro de Jesus com a mulher Siro-Fenícia é um dos pontos mais complicados e intrigantes dentre todos os encontros registrados de Jesus.  Após andar por toda a Galiléia Jesus estava para começar um período mais intenso de instrução aos 12; isso envolveu ele se dirigir mais frequentemente a regiões gentias. Nesse evento Jesus vai para noroeste da Galiléia, para a região de Tiro, onde fica hoje o Líbano. Note que este era terreno gentio: território de antigos inimigos e (às vezes) aliados de Israel; foram os de Tiro que introduziram a adoração a Baal para Israel. Foram eles que se aliaram a Davi e Salomão em certas ocasiões. Isso é importante em nossa história, não é que uma mulher gentia aparece em território judeu – Jesus e seus discípulos é que estão indo, intencionalmente ao território dela. Creio que o que está acontecendo aqui é um teste elaborado por Jesus para examinar o coração dela e o coração dos discípulos. Vejamos: 
1 – O teste para a mulher – Havia desde o início uma prioridade pactual a Israel; mas o pacto com Abraão já deixava claro que a salvação estaria disponível a todas as nações da terra – prioridade nunca foi exclusividade. Tivemos exemplos como Rute e Raabe – que foram parar na genealogia do Senhor Jesus. A ideia era que primeiro se alimentam as crianças da casa e não os cães – os judeus sendo primeiro e depois os gentios. Mas lembre-se da historia do próprio Senhor Jesus e seu acolhimento frequente entre gentios quando mesmo os judeus não queriam nada com ele. Herodes tentou matá-lo quando ainda neném, ele foi se refugiar em terreno gentio com seus pais. Os fariseus e escribas queriam acabar com ele. As cidades o rejeitavam; mas os magos gentios do oriente vêm e o adoram. Israel era lugar perigoso; terrenos gentios eram seguros. Curiosamente gentios em muitos casos eram mais abertos que os judeus. Ele elogia a fé de gentios como o centurião enquanto critica a falta de fé dos judeus. Parece que as crianças estão recusando a comida… devem achar que não precisam mais de pão. Jesus usa a percepção das separações étnicas para avaliar sua fé; talvez ele estivesse querendo ver se ela não estava no fundo apenas buscando um operador de milagres, ou se entendia que ele era algo mais. A mulher não se ofende com as duras palavras de Cristo; ela sabe que não tem direitos diante de Deus. Se o que Deus tem pra ela são migalhas, ela as aceitará de bom grado. Quão diferente da atitude arrogante de tantos que se julgam merecedores! Ela demonstra uma medida de fé: note que ela chega ajoelhando, ela o chama de Senhor, ela sabe acerca de seu poder. Com o pouco de conhecimento acerca de Cristo que tem ela já é movida a ação. Note ainda que ela pega muito mais rápido a linguagem figurada do que os discípulos! Jesus não precisa ficar explicando as metáforas como tinha que fazer com os doze… Ele no fundo diz: você não é digna de se sentar à mesa. Mas ele deixa a porta aberta ao dizer primeiro se alimentam as crianças… quem sabe não sobra algo para você. É vital notarmos que ela aceita sua condição – ela reconhece que não é digna de ser ajudada por Cristo. Ela com fé diz: eu não mereço pão, não sou parte do povo escolhido, se pela tua bondade o que tem para mim são migalhas, quero as migalhas com alegria! À luz disso tudo, Jesus elogia sua fé; coisa que não vemos ele fazendo acerca dos discípulos! Logo antes tinham sido repreendidos pela sua falta de entendimento. Ela passa no teste com louvor. E ela recebe mais que migalhas, não é verdade? 
2 – Teste para os discípulos: Lembre-se que por vezes Jesus, o grande professor; lançava perguntas complicadas ou dizia coisas estranhas para fazer o povo pensar e agir. Lembre-se que às vezes ele falava um provérbio comum de sua época e logo virava ele de cabeça para baixo, mostrando que a sabedoria popular era muitas vezes tolice popular. Creio que isso está acontecendo aqui também. Em Mateus fica registrado que os discípulos pediram que Cristo se livrasse dela; eles não eram tão diferente dos fariseus em sua falta de compaixão. Mas o que eles tinham de ter feito era ter pedido a Cristo por ela! Talvez ao Jesus falar aquilo ele estivesse esperando pela ação dos discípulos. A essa altura, eles já deveriam ter aprendido misericórdia com Cristo – Pedro mesmo já clamara ao Senhor por ajuda como ela estava fazendo ali. Os discípulos ainda estão operando numa visão humana muito limitada do alcance da graça e do poder de Cristo. O evangelho do reino é para todas as nações; as boas novas envolvem o fato de que Cristo morreu numa cruz para que pessoas de toda raça, língua e nação pudessem ser adotados na família e se sentarem à mesa, tornando-se criancinhas. Da pra ver porque é que chamam de boas novas?
COMPREENDA O QUE JESUS DE FATO ESTÁ FALANDO
Cananeus eram gentios, judeus filhos. A resposta de Jesus para a mãe desesperada, traduzia um impedimento para o milagre? Seriam os cananeus indignos, impuros, a ponto de não merecerem pão, mas migalhas? Ou seja Promessas, Palavra de Deus, mas restos? O milagre realizado na filha da mulher cananeia, é registrado em Marcos, como sendo o primeiro destinado a um gentio. Em Mateus, contudo antes da cananeia, Jesus cura o servo de um centurião romano e após a cura, elogia a fé dele dizendo: "Digo-vos portanto que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugar à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no Reino de Deus" Mt 8:11. Jesus destina um lugar de honra também para gentios: sentados à mesa com Abraão, comendo do Pão. Os acontecimentos não estão organizados nos Evangelhos de modo cronológico, por isso, é impossível afirmar se a mulher cananeia foi a primeira gentia a receber um milagre de Jesus, ou teria sido o centurião romano? O certo é que em momento algum nos Evangelhos, Jesus discrimina  pessoas por etnia ou qualquer outra característica, pelo contrário: Ele falou com uma samaritana e prostituta, quando ninguém dava o devido valor a ela. Judeus não falavam com samaritanos Jo 4: 1-30. Não atendendo prontamente aquela mulher, Jesus estava doutrinando tanto discipulos quanto a própria cananeia. 

REFLEXÃO

É certo que ela precisou se humilhar para ser exaltada . Precisou reconhecer suas falhas, experimentar o silêncio de Deus para perceber que o encontro com Jesus tinha o objetivo de transformar não apenas a vida de sua filha, mas dela própria e de seu lar. Correr atrás de Jesus e reconhecer que Ele tem poder para fazer milagres, não é suficiente para encontrar a salvação e viver de forma vitoriosa. É preciso receber Jesus no coração, compreendendo o que Ele quer de nós, e obedecer. Nenhuma fraqueza encontrada em nós deve ser motivo de vergonha para buscarmos a Deus, pelo contrário. Saibamos que Ele não rejeita os fracos e imperfeitos, mas os recebe com amor capaz de transformá-los em fortes: "Porque o Senhor é a força de seu povo" Sl 118:14.Diante do silêncio de Deus ou de uma resposta inesperada, permaneçamos firmes, confiantes nos propósitos do Senhor. Se a mulher tivesse se intimidado, desistido, não teria voltado para casa e encontrando sua filha liberta, não teria ela mesmo sido transformada. Com Jesus no coração as mudanças acontecem. Nem sempre da forma e no tempo que queremos, mas como precisamos.

SAIBA MAIS:

Todos os milagres da Bíblia: http://www.vivos.com.br/330.htm

FONTES DE PESQUISA

http://www.mulherespiedosas.com.br
http://www.lagoinha.com
http://www.atendanarocha.com
http://www.jesusvoltara.com.br

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