Lição 01- O Cânon Sagrado

"Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra" - II Timóteo 3.16,17

Texto Bíblico Básico: Hebreus 1,1-3; João 1.1,2,14-17; Lucas 24.44-46






A ORIGEM DA BÍBLIA


A Bíblia é a revelação de Deus à humanidade (Hb 1.1). O autor da Bíblia é Deus; seu real intérprete é o Espírito Santo, e seu assunto ou tema central é o Senhor Jesus Cristo (Jo 5.39). Aceitando essa definição, obteremos êxito ao estudá-la. 

A palavra "Bíblia" originou-se do vocábulo grego "Biblos" (nome dado a folhas de papiro) usadas para escrita. Ao rolo pequeno de papiro, os gregos chamavam "Biblion", e  ao plural desta chamavam "Bíblia", que quer dizer "coleção de livros pequenos". Os vocábulos "Bíblia" e "Biblion", constan no Novo Testamento.
- Bíblia (Jo 21.25; II Jo 4.13; Ap 20.12)
-Biblion (Lc 4.17; Jo 20.30)

O CÂNON DAS ESCRITURAS

O termo "Cânon" provém da palavra grega "Kanõn", que significa "vara reta de medir" (Ez 40.5). No mundo grego, cânon veio a significar "Norma; regra; norma para julgar e avaliar todas as coisas".  Os cristãos começaram a empregar o termo de modo teológico para designar os escritos que tinham cumprido os requisitos para serem considerados "Escrituras Sagradas". Os livros canônicos, pois, são considerados a revelação autorizada e infalível da parte de Deus que compõem as Sagradas Escrituras.

A tradição sugere que, em grande medida, Esdras foi o responsável pela reunião dos escritos sagrados  dos judeus num cânon oficialmente reconhecido. No entanto, o reconhecimento do cânon do Antigo Testamento usualmente se deu num suposto Concílio de Jâmnia, entre 90 e 100 d.C.

O Cânon do Novo Testamento que hoje possuímos, foi oficialmente reconhecido pelo Terceiro Concílio de Cártago, em 397 d.C., e pela igreja Oriental até 500 d. C.

Estabelecer o Cânon da Bíblia não foi, porém, decisão dos escritores, nem dos líderes religiosos, nem de um concílio eclesiástico. Pelo contrário: o processo da aceitação desses livros como Escritura, deu-se mediante a influência providencial do Espírito Santo sobre o povo de Deus. A Igreja não resolveu quais livros deveriam estar no Cânon Sagrado, mas limitou- se a confirmar aqueles que o povo de Deus já reconhecia como a Sua Palavra. Fica claro que a Igreja não era autoridade; mas percebia a autoridade na Palavra inspirada. No entanto, vários critérios ou princípios orientadores tem sido sugeridos para os escritos canônicos, a saber:

- Apostolicidade
- Universalidade
- O uso na Igreja
- A capacidade de sobrevivência
- A Autoridade
- A Antiguidade
- O Conteúdo
- A Auroria
- A Autenticidade

O cânon bíblico está fechado. A revelação infalível que Deus fez de si mesmo já foi registrada. Hoje, Ele continua falando através de Sua Palavra. São 66 livros canônicos, 39 no Antigo Testamento e 27 no Novo Testamento. Os nomes canônicos comuns do Livro Sagrado são: Escrituras Sagradas ou Escrituras (Mt 21.42; Rm 1.2).


MATERIAIS EM QUE A BÍBLIA FOI ORIGINALMENTE ESCRITA

Os principais foram dois: Papiro e pergaminho. O papiro era extraído de uma planta aquática desse mesmo nome. Há vária menções dele na Bíblia (Êx 2.3; Jó 8.11; Is 18.2), de papiro deriva o termo "papel". Seu uso na escrita vem de 3.000 a.C.

O Pergaminho é a pele curtida de animais, preparada para escrita. É um material superior ao papiro, porém de uso mais recente. O seu uso generalizado teve início a partir do século I, na Ásia Menor, é citado na Bíblia em II Timóteo 4.13.

LÍNGUAS ORIGINAIS DA BÍBLIA

As principais são duas: Hebraico para o Antigo Testamento e Grego para o Novo Testamento. Há ainda algumas partes em Aramaico (Ed 4.8-18; 7.12-26; Dn 2.4- 7.28). 

MANUSCRITOS ORIGINAIS DA BÍBLIA E CÓPIAS ORIGINAIS

Manuscritos Originais (Completos). Isto é, saído das mãos dos escritores, não existe nenhum conhecido no momento. Historicamente, quanto á inexistência de manuscritos originais, damos conta que:

(a) Era costume dos judeus enterrar os manuscritos estragados pelo uso, ou qualquer outra causa, para evitar mutilação ou que se inserisse algo espúrio no original.
(b) Os reis idólatras e ímpios de Israel podem ter distribuído muito ou contribuído para que isso acontecesse (Jr 36.20-26).
(c) O monstro Antíoco Epifânio, rei da Síria, (175-164 a.C.), durante todo o seu reinado dominou sobre a Palestina. Era um homem cruel, aplicou torturas, decidiu exterminar a religião judaica, assolou Jerusalém em 168 a.C., profanou o Templo do Senhor e destruiu todas as cópias que achou das Escrituras.
(d) O maligno imperador Deocleciano (284-305 d.C.), perseguiu durante 10 anos os cristãos, mandou vasculhar o império romano visando a destruição de todos os escritos sagrados. Chegou a crer que tivesse destruído tudo, pois mandou cunhar uma moeda comemorando tal vitória.

A literatura judaica afirma que a missão da chamada Grande Sinagoga, presidida por Esdras, foi reunir e preservar os manuscritos originais do Antigo Testamento, os de que se serviram os setenta, no preparo da Septuaginta - a primeira tradução das Escrituras.

FAMOSAS TRADUÇÕES DA BÍBLIA

Septuaginta - Foi a primeira tradução da Bíblia.
Local: Alexandria, no Egito
Tempo: Cerca de 285 a.C. 
A tradução foi feita do hebraico para o grego. Compreendia somente o Antigo Testamento. Foi a Bíblia que Jesus e seus apóstolos usaram. A mais antiga cópia da Septuaginta está na biblioteca do Vaticano. Data de 325 d.C. 

Vulgata - É uma tradução da Bíblia toda, feita por Jerônimo, concluída em 405 d.C.
Local: Belém, Palestina
A tradução foi feira do hebraico para o latim, língua oficial do Império Romano. É ela a versão oficial da Igreja Romana desde o Concílio de Trento (1546 d.C.).

A BÍBLIA EM PORTUGUÊS

Versão de Almeida - A primeira tradução da Bíblia em Português foi feita pelo Pastor João Ferreira de Almeida. O mesmo nasceu em Portugal, perto de Lisboa, em 1628. Faleceu em Java (Hoje Jacarta, capital da Indonésia). Almeida traduziu o Novo Testamento e foi publicado em 1961, em Amsterdã, Holanda. O Antigo Testamento ele traduziu até o livro de Ezequiel, quando o Senhor o chamou para a glória, em 1691. Ministros do evangelho, amigos seus, concluíram a tradução, a qual foi publicada em 1753. A Bíblia de Almeida foi publicada pela primeira vez no Brasil em 1944, pela Imprensa Bíblica Brasileira, uma organização batista.

Versão ARC (Almeida Revista e Corrigida) - A imprensa Bíblica Brasileira publicou em 1951 a edição revista e corrigida, abreviadamente conhecida por ARC.

Versão ARA (Almeida Revista e Atualizada) - Uma comissão de especialistas brasileiros trabalhando de 1946 a 1956, preparou a edição Revista e Atualizada, de Almeida, conhecida abreviadamente por ARA. O Novo Testamento foi publicado em 1951 e o Velho Testamento em 1958.


As versões e revisões da Bíblia decorrem da necessidade de atualização da linguagem. A língua sendo um instrumento vivo de comunicação e expressão, evolui, modifica-se e aumenta à medida que o tempo passa. No caso da Bíblia, quando se faz necessário, é preciso fazer mudanças na linguagem de texto, para que a mensagem do mesmo não mude. Revisão é uma alteração da linguagem para a conversação do sentido da mensagem. A mensagem do texto é divina; a linguagem que a conduz é humana. 

OS ESCRITORES DA BÍBLIA



A Bíblia foi escrita por homens divinamente inspirados pelo Espírito Santo (II Tm 3.16), durante um período de 1.600 anos aproximadamente, e por cerca de 4o escritores, sendo Deus seu Autor. A Palavra escrita foi-nos dada por canais humanos, assim como o foi a Palavra Viva, Cristo. Os escritores da Bíblia receberam a mensagem de diversas maneiras: "O que vês, escreve-o num livro" (Ap 1.11); "Escreve num livro as palavras que tenho dito"  (Jr 30.2); "Então disse o Senhor a Moisés: Escreve isto para a memória num livro..." (Êx 17.14); "Toma o rolo de um livro e escreve nele todas as palavras" (Jr 36.2); "E Disse-lhes Baruque: Toma ainda outro rolo e escreve nele todas as palavras que estavam no primeiro volume..." (Jr 36.18,28). Isaías menciona 120 vezes que o Senhor lhe falou. Jeremias 430 vezes e Ezequiel 320 vezes. 

A Carta Magna de Deus à humanidade foi escrita por escritores que não formaram uma comissão especial para fazê-lo. A Bíblia é um milagre de Deus, diversos homens, de diferentes lugares, formação e culturas diferentes escreveram-na. Moisés foi príncipe e legislador, Josué foi um valoroso soldado; Davi e Salomão foram reis e poetas; Isaías estadista e profeta; Daniel ministro de estado na Babilônia, Jeremias e Zacarias sacerdotes e profetas; Amós, agricultor e vaqueiro; Pedro, Tiago e João, pescadores; Mateus, funcionário público romano, Lucas médico e historiador; Paulo foi soldado romano, teólogo e erudito.

Esses escritores viveram em épocas diferentes e distante uns dos outros. Apesar da variedade de formação e ocupação deles, ao examinarmos a Bíblia, é incrível notar como os livros se harmonizam e se inteiram do começo ao fim. Eles não tomaram rumos diferentes, do começo ao fim eles tratam de um só assunto, formando um só livro.

A INSPIRAÇÃO E AUTORIDADE DAS ESCRITURAS

Jesus ensinou que a Escritura é a inspirada Palavra de Deus até em seus mínimos detalhes (Mt 5.18). Afirmou, também, que tudo o que Ele disse foi recebido da parte do Pai e é verdadeiro (Jo 5.19,30,31; 7.16; 8.26). Ele falou da revelação divina ainda futura (a verdade revelada do restante do Novo Testamento), da parte do Espírito Santo através dos apóstolos (Jo 16.13). Negar a inspiração plenária das Escrituras, portanto, é desprezar o testemunho fundamental de Jesus Cristo (Mt 5.18; 15.3-6; Lc 16.17), do Espirito Santo (Jo 15.26; I Co 2.12-13), e dos apóstolos (II Pe 1.20,21). Além disso, descartar a sua inerrância é depreciar a sua autoridade divina.

Na sua ação de inspirar os escritores pelo seu Espírito, Deus, sem violar a personalidade deles, agiu neles de tal maneira que escreveram sem erro I Co 2.12,13). A inspirada Palavra de Deus é a expressão da sabedoria  e do caráter de Deus e pode, portanto, transmitir sabedoria e vida espiritual através da fé em Cristo (Mt 4.4; Jo 6.63; II Tm 3.15).

As Escrituras Sagradas são o testemunho infalível e verdadeiro de Deus, na sua atividade salvífica a favor da humanidade, em Cristo Jesus. Por isso, as Escrituras são incomparáveis, eternamente completas, e incomparavelmente obrigatórias. Nenhuma palavra de homens ou declarações de instituições religiosas igualam-se à autoridade delas.

Qualquer doutrina, documentário, interpretação, explicação e tradição deve ser julgado e validado pelas palavras das Sagradas Escrituras.

As Sagradas Escrituras, como a Palavra de Deus devem ser recebidas, cridas e obedecidas como autoridade suprema em todas as coisas pertencentes à vida e à piedade (Mt. 5.17-19; Jo 14.21; 15.10). Na igreja, a Bíblia deve ser autoridade final em todas as questões de ensino, repreensão, de correção, de doutrina e de instrução na justiça (II Tm 3.16,17). Ninguém pode submeter-se ao senhorio de Cristo sem estar submisso a Deus e à Sua Palavra como autoridade máxima (Jo 8.31,32,37).

Só podemos entender devidamente a Bíblia se estivermos em harmonia com o Espírito Santo. É ele quem abre as nossas mentes para compreendermos o seu sentido, é Ele quem dá testemunho em nosso interior da sua autoridade.

Devemos nos firmar na inspirada Palavra de Deus para vencer o poder do pecado, de Satanás e do mundo em nossas vidas (Mt 4.4; Ef 6.12; Tg 1.21).

Todos na igreja devem amar, estimar e proteger as Escrituras como um tesouro, tendo-as como única verdade de Deus para um mundo perdido e moribundo. Devemos manter puras as suas doutrinas, observando fielmente os seus ensinos, proclamando a sua mensagem salvífica, confiando-as a homens fiéis, e defendendo-as contra todos os que procuram destruir ou distorcer suas verdades eternas (Fp 1.16; II Tm 1.13,14). Ninguém tem autoridade de acrescentar ou subtrair qualquer coisa das Escrituras (Ap 22.19).

PORQUE ESTUDAR AS ESCRITURAS?

As Sagradas Escrituras constituem o livro mais notável jamais visto no mundo. Contém o registro de acontecimentos do mais profundo interesse. A Teologia Cristã, como a Bíblia a apresenta, é unidade orgânica; e como tal, deverá ser estudada, atendendo-se ao todo, e não a cada uma das partes em separado. Nenhuma doutrina poderá ser convenientemente estudada e aprofundada, sem a enquadrarmos no sistema geral que pertence. A Bíblia é o livro mais lido e traduzido do mundo, conhecer a Bíblia é conhecer o Criador, é receber a revelação de Deus que fora escrito por homens inspirados pelo Espírito Santo. Certo autor declarou: "A Bíblia é Deus falando ao homem; é Deus falando como homem; é Deus falando a favor do homem, mas é sempre Deus falando". O homem deve ler a Bíblia para ser sábio, crer na Bíblia para ser salvo, praticá-la para ser santo ou santificado" (Dt 11.18-20; 17.19).

"A Bíblia é o único livro que se lê tendo o Autor presente". O tema central da Bíblia é o amor de Deus pela humanidade demonstrado através do plano de Salvação. Jesus está presente em todos os 66 livros contidos nela.

FATOS E PARTICULARIDADES DA BÍBLIA

(1) Os livros de Ester e Cantares não citam o nome de Deus, porém sua presença é real, principalmente nos acontecimentos milagrosos de Ester.
(2) Há, na Bíblia, 8.000 menções de Deus entre 177 menções do Diabo sob seus vários nomes.
(3) O Salmo 119 tem em hebraico 22 seções de 8 versículos cada. O numero 22 corresponde ao de letras do Alfabeto hebraico. Cada uma dessas 22 seções inicia com uma letra do referido alfabeto, e em casa seção todos os versículos começam com a letra da respectiva seção. 
(4) O Livro de Isaías é uma mini Bíblia. Tem 66 capítulos correspondendo aos 66 livros. A primeira seção tem 39 capítulos correspondendo à mensagem do Antigo Testamento. A segunda seção tem 27 capítulos, tratando de conforto, promessa e salvação, correspondendo à mensagem do Novo Testamento. O Novo Testamento encerra mencionando o Novo Céu e a nova Terra. O mesmo ocorre no término de Isaías, 66.22. O próprio nome Isaías tem semelhança com o de Jesus no significado, Isaías quer dizer "Salvação de Jeová", e Jesus "Jeová é Salvação".
(5) A frase não temas ocorre 365 vezes em toda a Bíblia, o que dá uma para cada dia do ano.
(6) O capítulo 19 de II Reis é idêntico ao 37 de Isaías.
(7) O Antigo Testamento encerra citando a palavra "maldição", o Novo Testamento encerra citando "a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo".
(8) Os números 3 e 7 predominam admiravelmente em toda a Bíblia
(9) O Novo Testamento inicia e termina com o nome de Jesus, no primeiro e último versículo, respectivamente.


Um fato final deve ser observado aqui. A Bíblia é infalível na sua inspiração somente no texto original dos livros que lhe são inerentes. Logo, sempre que acharmos nas Escrituras alguma coisa que parece errada, ao invés de pressupor que o escritor daquele texto bíblico cometeu um engano, devemos ter em mente três possibilidades no tocante a um tal suposto problema: (a) as cópias existentes do manuscrito bíblico original podem conter inexatidão; (b) as traduções atualmente existentes do texto bíblico grego ou hebraico podem conter falhas; ou (c) a nossa própria compreensão do texto bíblico pode ser incompleta ou incorreta. Fonte: Estudo "A Inspiração e a Autoridade das Escrituras - Bíblia de Estudo Pentecostal - Ed.CPAD, pg 1882


FONTE DE PESQUISA

Apostila "Bibliologia" - autoria: Pr. Genivaldo da Silva Leal
Bíblia de Estudo Pentecostal - Ed. CPAD


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Comentários

  1. Amei esse estudo. Deus falou muito comigo.
    Estou trabalhando com célula aqui na empresa. Muitas almas perdidas ou até mesmo desviadas.eu pensei sou mensageiro de Deus não posso ver as almas morrendo e eu não pode fazer nada.entao sou novo no ministério mais tenho fome da palavra. Deus abençoe poderozamente. E que a palavra continue a ser pregada.

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