Lição 13 - Livro de Cantares - Poesia Romântica


"Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte. (...) As muitas águas não poderiam apagar esse amor nem os rios afogá-lo - Cantares 8.6,7a

Texto Bíblico Básico: Cantares 1.1-3, 15,16; 2.1-5; 5.6,8




CONTEXTO DO LIVRO DE CANTARES

Autor: De acordo com o primeiro versículo, Salomão escreveu o Livro de Cantares de Salomão. Este cântico é um dos 1.005 que Salomão escreveu (1 Reis 4:32). Um dos títulos deste livro, "Cântico dos Cânticos", é um superlativo, ou seja, serve para indicar que este é o melhor.

Quando foi escrito: Salomão provavelmente escreveu esse cântico durante a primeira parte de seu reinado. Isso colocaria a data de composição por volta de 965 AC.

Propósito: O Livro de Cantares de Salomão é um poema lírico escrito para exaltar as virtudes do amor entre um marido e sua esposa. O poema claramente apresenta o casamento como um plano de Deus. Um homem e uma mulher devem viver juntos dentro do contexto do casamento, amando um ao outro espiritualmente, emocionalmente e fisicamente.

Este livro combate dois extremos: o ascetismo (a negação de todo o prazer) e hedonismo (busca do prazer somente). O casamento exemplificado em Cantares de Salomão é um modelo de atenção, empenho e prazer.

Versículos-chave: Cânticos de Salomão 2:7; 3:5; 8:4 - “...nem desperteis o amor, até que este o queira.”

Cânticos de Salomão 5:1 - “Comei e bebei, amigos; bebei fartamente, ó amados.”

Cânticos de Salomão 8:6-7 - “Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura, o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, são veementes labaredas. As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios, afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens da sua casa pelo amor, seria de todo desprezado.”

Resumo: A poesia toma a forma de um diálogo entre um marido (o rei) e sua esposa (a sulamita). Podemos dividir o livro em três seções: o namoro (1:1-3:5), o casamento (3:6-5:1) e a maturação do casamento (5:2-8:14).

A canção começa antes do casamento, mostrando como a noiva anseia para estar com seu noivo e receber suas carícias íntimas. No entanto, ela aconselha a deixar que o amor se desenvolva naturalmente, em seu próprio tempo. O rei elogia a beleza da sulamita, superando os seus sentimentos de insegurança sobre sua aparência. A sulamita tem um sonho no qual ela perde Salomão e busca por ele em toda a cidade. Com a ajuda dos guardas da cidade, ela encontra o seu amado e fica com ele até levá-lo a um local seguro. Ao acordar, ela repete seu conselho para não forçar o amor. Na noite de núpcias, o marido novamente elogia a beleza de sua esposa, e em linguagem altamente simbólica, a mulher convida o seu cônjuge para participar de tudo o que ela tem para oferecer. Eles fazem amor e Deus abençoa sua união. Com a maturação do casamento, o marido e sua mulher passam por um momento difícil, simbolizado em um outro sonho. Neste segundo sonho, a sulamita repulsa seu marido e ele sai. Sentindo-se culpada, ela procura por ele por toda a cidade; desta vez, no entretanto, ao invés de ajudá-la, os guardas a espancaram -- simbólico de sua consciência pesarosa. As coisas têm um final feliz, com os amantes se encontrando e se reconciliando.

"Quando o marido e a esposa possuem um relacionamento belo e santo, seu mundo todo se torna igualmente belo e santo. Sem fugir da realidade nem profanar as dádivas de Deus, o livro fala de maneira bastante aberta da sexualidade humana e mostra como pode ser santificada e usada para a glória de Deus. Trata-se de um livro de metáforas e de símiles, que emprega diversos recursos literários para nos mostrar a maravilha e a glória do amor divino e humano".
Quando o cântico termina, o marido e a esposa estão confiantes e seguros em seu amor, eles cantam sobre a natureza permanente do amor verdadeiro, e deixam claro que muito querem estar na presença um do outro.

Prenúncios: Alguns intérpretes da Bíblia vêem em Cantares de Salomão uma exata representação simbólica de Cristo e Sua igreja. Cristo é visto como o rei, enquanto que a igreja é representada pela sulamita. Apesar de acreditarmos que o livro deve ser entendido literalmente como uma representação do casamento, existem alguns elementos que prenunciam a Igreja e seu relacionamento com o rei, o Senhor Jesus. Cantares 2:4 descreve a experiência de cada crente que é procurado e comprado pelo Senhor Jesus. Estamos em um local de grande riqueza espiritual e somos cobertos por Seu amor. O versículo 16 do capítulo 2 diz: "O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios." Aqui está uma imagem não só da segurança do crente em Cristo (João 10:28-29), mas do Bom Pastor que conhece as Suas ovelhas – Seus seguidores – e dá a Sua vida por nós (João 10:11). Graças a Ele, não somos mais manchados pelo pecado, tivemos nossas "manchas" removidas pelo Seu sangue (Cantares 4:7, Efésios 5:27).

TEMAS PRINCIPAIS E MENSAGEM

O tema do livro é o amor, a maior de todas as virtudes (1 Co 13:13). Nos dias de sua juventude, antes de se ver enredado pelos deuses de suas inúmeras esposas pagãs (1 Rs 11 :1-8), Salomão compreendeu as alegrias e virtudes do amor conjugal e escreveu este livro tão belo. O rei teve, ao todo, 700 esposas e 300 concubinas (1 Rs 11 :3), o que constituiu uma transgressão da lei de Deus (Dt 17:17). Seu casamento com várias princesas se deu com o objetivo principal de estabelecer relações pacíficas e lucrativas com os pais dessas mulheres  Este livro possui diversas nuanças teológicas, mas o tema principal é a excitação e o prazer do sexo, do amor e do casamento, três dádivas de Deus. Ao contrário de algumas religiões que condenam o prazer físico, tanto os judeus quanto os cristãos consideram a vida e seus prazeres físicos dádivas de Deus. Esse conceito aplica-se especialmente ao casamento e ao amor íntimo entre o marido e a esposa. O sexo e o casamento eram levados extremamente a sério na cultura hebraica. Os noivados eram relacionamentos comprometidos que só podiam ser rompidos pelo divórcio, e o pecado pré-nupcial do adultério era tratado com severidade.
Ao contrário dos romances modernos, este livro não apresenta um enredo óbvio, mas, ao que parece, aos poucos vai se desenvolvendo uma trama "descoberta" ao longo de uma leitura mais atenta. Cântico dos Cânticos tem muito a nos ensinar sobre a dádiva dos prazeres do amor e do sexo que Deus concede aos homens e mulheres. Também apresenta os padrões determinados por Deus para o casamento, ilustrando os privilégios maravilhosos e as responsabilidades sérias que o marido e a esposa têm para com Deus e um para com o outro (ver 1 Co 7:1-5; Ef 5:22-33; 1 Pe 3:17). Os judeus chamavam o Cântico dos Cânticos de Salomão o "Santo dos Santos" das Escrituras e não permitiam que o livro fosse lido pelos mais jovens e imaturos. No mundo de hoje, com sua ênfase sobre os prazeres sensuais da lascívia indiscriminada e não sobre os prazeres puros do sexo no casamento, nossos jovens estão precisando de um bom curso baseado no Cântico dos Cânticos de Salomão.

A mensagem do livro de Cantares trata dos seguintes temas:
  • A perfeição do homem e da mulher criados à imagem de Deus
  • A sexualidade humana dentro dos limites estabelecidos por Deus
  • A integridade do amor humano
  • A nobreza de manter-se puro antes do casamento e da fidelidade após o casamento
O propósito do livro, independente da dificuldade em identificar todos os personagens, é celebrar o amor sexual entre um homem e uma mulher dentro do matrimônio instituído por Deus (Ct. 2:3-7, 16; 7:9-12). A mensagem de Cântico dos cânticos está na contramão da perversão que se tornou o relacionamento sexual entre um homem e uma mulher, e mostra a dignidade da afeição erótica heterossexual dentro dos limites que Deus estabeleceu (Gn. 2:23-24; Rm. 1:24-32). Além disso o livro mostra que Deus criou o sexo também para o prazer e não apenas para a procriação (Ct. 6:2-3; Ct. 7:10-13; Ct. 8:1-3). O livro tem o propósito de mostrar a diferença entre os tipos de afeição entre homem e mulher ao retratar o comportamento vulgar, sensual e polígamo de Salomão com seu harém (Ct. 6:8) com o amor simples, fiel, sincero e erótico da Sulamita por seu pastor amado. O livro aborda a castidade nos jovens apaixonados (Ct. 4:12; 6:3; 7:10-13; 8:10) indo contra os costumes sexuais das sociedades da época. O livro mostra o caráter de um amor sincero e genuíno por meio do compromisso e integridade dentro dos limites do casamento ordenado por Deus.

É interessante comparar e contrastar o que Salomão escreve sobre o casamento em Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos. Provérbios exalta a monogamia e o prazer do amor conjugal (Pv 5:15-20) e também adverte contra a fornicação, o adultério e a "mulher adúltera" (Pv 2:1655; 5:155; 6:20-35; 7:1-27; 22:14; 23:27, 28; 30:20). Em várias ocasiões ao longo de Provérbios, Salomão admoesta o rapaz a escolher a esposa certa e, desse modo, não ter de viver com uma mulher crítica e resmungona! Eclesiastes também admoesta o homem a "gozar a vida" com a esposa de sua mocidade (9:9). Apesar de suas muitas esposas e concubinas, Salomão sabia que o verdadeiro prazer do casamento era resultado de uma vida inteira de dedicação a um só cônjuge, durante a qual os dois cresceriam juntos e aprenderiam a amar um ao outro cada vez mais.
(Com base nos comentários de Warren W. Wiersbe) 


Aplicação Prática: Nosso mundo está confuso sobre o casamento. A prevalência do divórcio e de tentativas modernas de redefinir o casamento estão em notório contraste com o Livro de Cantares de Salomão. Casamento, diz o poeta bíblico, deve ser comemorado, desfrutado e reverenciado. Este livro fornece algumas orientações práticas para fortalecer nosso casamento:

1) Dê ao seu cônjuge a atenção de que ele ou ela necessita. Tire o tempo necessário para realmente conhecer seu cônjuge.

2) Encorajamentos e elogios, não críticas, são uma parte vital de um relacionamento bem sucedido.

3) Desfrute um ao outro. Planeje viagens especiais. Seja criativo, até mesmo brincalhão, um com o outro. Deleite-se com o dom de Deus do amor conjugal.

4) Faça o que for necessário para reafirmar o seu compromisso com o seu cônjuge. Renove seus votos; resolva problemas e não considere o divórcio como uma solução. Deus quer que vocês dois vivam em um amor profundamente tranquilo e seguro.

ESTILO E ESTRUTURA DO LIVRO

O conteúdo de pode ser dividido da seguinte forma:
  • Cabeçalho – 1:1
  • A sulamita no harém de Salomão – 1:2 – 3:5
  • Salomão galanteia a sulamita – 3:6 – 7:9
  • A sulamita rejeita o rei Salomão – 7:10 – 8:4
  • O reencontro da sulamita com o pastor amado – 8:5-14
O estilo literário de Cântico dos cânticos, por apresentar uma visão pastoril israelita do segundo milênio a.C. nos parecem hoje indelicadas e até mesmo engraçadas (Ct. 4:2). Por vezes nos constrangemos com sua linguagem e metáfora (7:8). Contudo, esta era a linguagem literária para o amor nesta época, onde o jardim era retratado como símbolo erótico e de mistério do amor sexual entre um homem e uma mulher.

Estrutura e organização

Como Salmos, Provérbios e Lamentações, o Cântico dos Cânticos apresenta uma forma literária completamente poética. Como poesia lírica, o Cântico possui um estilo idílico e cenas pastorais que parecem estranhos aos leitores ocidentais que vivem em uma sociedade altamente tecnológica. Dessa forma as analogias e metáforas inspiradas na experiência do pastor fazem comparações que muitas vezes achamos engraçadas ou até indelicadas, exemplo: “Seus dentes são como um rebanho de ovelhas recém-tosquiadas” (4.2) ou “Seu nariz é como a torre do Líbano” (7.4) ou ainda “Às éguas dos carros de Faraó te comparo, ó meu amor” (1.9). Sem contar sua difícil compreensão. As imagens vívidas, às vezes, até nos chocam e constrangem, como esse versículo: “Dizia eu: Subirei à palmeira, pegarei em seus ramos; e então os teus seios serão como os cachos na vide, e o cheiro da tua respiração como o das maçãs” (7.8). Todavia, o Cântico segue as convenções literárias e o estilo de poesia de amor correntes no segundo milênio (1750-1085 a.C.), contém temas e linguagem figurada semelhantes. O tema do jardim como símbolo erótico e versos que exaltam o arrebatamento e mistério do amor sexual humano são majestosos. Há analogias e metáforas em abundância, incluindo cânticos descritivos que comparam as características físicas dos apaixonados à flora e fauna exóticas. A canção do desejo convidando o casal ao amor, o compartilhamento de manjares e vinho para amenizar a dor da paixão, e até a atenção às vestes, aos perfumes e óleos finos são comuns na literatura.

DIFICULDADES DE INTERPRETAÇÃO DE CANTARES

Um dos problemas associados à interpretação de Cântico dos Cânticos é identificar claramente quem fala no poema de amor. Em busca das chaves para desvendar Cantares, os interpretes tem recorrido aos trechos proféticos, sapienciais e apocalípticos das Escrituras bem como os antigos cânticos de amor egípcios e babilônicos, aos cânticos semitas tradicionais de casamento e às canções vinculadas ao culto à fertilidade na antiga Mesopotâmia. As exposições em 8.6,7 parecem confirmar que Cantares pertence aos escritos bíblicos sapienciais, sendo a apresentação que a sabedoria faz de um relacionamento amoroso. A Bíblia fala de sabedoria bem como do amor como dádivas de Deus, a ser recebidas com gratidão e celebração. Esse modo de entender Cantares opõe-se à opinião, sustentada por muito tempo, de que o livro seja uma alegoria do relacionamento de amor entre Deus e Israel, ou entre Cristo e a Igreja (embora o Novo Testamento não cite Cantares em lugar nenhum, nem sequer lhe faça alusão). Difere também das interpretações atuais do livro, como a que o considera poema lírico a celebrar o triunfo do amor puro e espontâneo de uma donzela por seu amado campesino sobre as seduções palacianas de Salomão, que procurava conquistá-la para seu harém real. Em vez disso considera Cântico dos Cânticos uma sequencia continua de poemas líricos que retratam o amor em toda sua espontaneidade, beleza, poder e exclusividade; experimentando os seus variados momentos de separação e de intimidade, de angustia e de êxtase, de tensão e de contentamento. O livro acompanha os poemas de amor de muitas culturas no largo emprego que faz de linguagem figurada extraída da natureza, altamente sensual e sugestiva.

FONTES DE PESQUISA

http://www.gotquestions.org/Portugues/Livro-Cantares-Salomao.html
http://estudobiblicodoluiz.blogspot.com.br/2011/06/cantico-dos-canticos-de-salomao.html
http://www.milhoranza.com/2012/10/03/antigo-testamento-canticos-salomao/#axzz43VOkwEJi
http://www.santovivo.net/page66.aspx

Comentários

  1. Muito boa essa lição...
    Vou apresenta-la na igreja onde congrego.
    Obrigado

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