Lição 08 - Lucas, o Ministério do Filho do Homem

"Respondendo, então Jesus, disse-lhes: Ide, e anunciai a João o que tendes visto e ouvido: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, e aos pobres, anuncia-se o evangelho" - Lucas 7.22

Texto Bíblico Básico: Lucas 4.14-21


JESUS, O HOMEM PERFEITO

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O Evangelho de Lucas é um dos livros mais belos e fascinantes do mundo. De fato, o terceiro Evangelho se distingue pelo seu estilo literário, pelo seu vocabulário e uso que faz do grego, considerado pelos eruditos como o mais refinado do Novo Testamento. Mas a sua maior beleza está em narrar a história da salvação (Lc 19.10). O autor procura mostrar, sempre de forma bem documentada, que o plano de Deus em salvar a humanidade, revelado através da história, cumpriu-se cabalmente em Cristo quando Ele se deu como sacrifício expiador pelos pecadores (Jo 10.11). Deus continua sendo Senhor da história e o advento do Messias para estabelecer o seu Reino é a prova disso. Lucas mostra que é através do Espírito Santo, primeiramente operando no ministério de Jesus e, posteriormente na Igreja, que esse propósito se efetiva.

  1. Jesus, o homem perfeito. No Evangelho de Lucas, Jesus aparece como o “Filho de Deus” (Lc 1.35) e “Filho do Homem” (Lc 5.24). São expressões messiânicas que revelam a deidade de Jesus. A primeira expressão mostra Jesus como verdadeiro Deus enquanto a segunda, que ocorre 25 vezes no terceiro Evangelho, mostra-o como verdadeiro homem. Ele é o Filho do Homem, o Homem Perfeito. Ao usar o título “Filho do Homem” para si mesmo, Jesus evita ser confundido com o Messias político esperado pelos judeus. Como Homem Perfeito, Jesus era obediente a seus pais. Todavia, estava consciente de sua natureza divina (Lc 2.4-52). É como o Homem Perfeito que Jesus enfrenta, e derrota, Satanás na tentação do deserto (Lc 4.1-13).
  2. O Messias e o Espírito Santo. Lucas revela que Jesus, o Messias, como Homem Perfeito, dependia do Espírito Santo no desempenho do seu ministério (Lc 4.18). Isaías, o profeta messiânico, mostra a estreita relação que o Messias manteria com o Espírito do Senhor (Is 11.1,2; 42.1). O Messias seria aquele sobre quem repousaria o Espírito do Senhor, tal como profetizara Isaías e Jesus aplicara a si, na sinagoga em Nazaré (Lc 4.16-19; Is 61.1).

 A AUTORIDADE DE JESUS

Jesus realiza seu ministério público ao longo do Evangelho de Lucas por meio de sua autoridade. Diante da mesma, duas reações são constatadas: seus adversários se sentem ofendidos e ameaçados e seus discípulos impressionados. As ações e o ensinamento de Jesus exercidos com autoridade messiânica durante o exercício de seu ministério, provocam a controvérsia ou conflito com os líderes religiosos de seu tempo. Os seguidores, amigos e antagonistas de Jesus são atraídos por causa de sua autoridade que faz com que sua fama como pessoa seja conhecida por toda parte. Jesus revela sua autoridade messiânica por meio de suas ações e palavras. Assim sendo, além de nos concentrarmos nos momentos onde ele demonstra sua autoridade por meio de palavras e ações em nosso texto e ao longo do Evangelho, acenaremos ainda sobre outros aspectos de sua vida pública, principalmente seus milagres. Em seguida, verificaremos a autoridade com a qual ele perdoa os pecados (5,17-26), bem como a reação dos que estão presentes, principalmente os fariseus e escribas. Por fim, constataremos como seus adversários indispostos a mudar de mentalidade, questionam sobre a origem ou fonte de sua autoridade.

Jesus exerce sua autoridade em palavras e ações

Ao ensinar

 Quando Jesus tinha apenas doze anos seus pais vão a Jerusalém para a festa da Páscoa, o que faziam todos os anos (2,41-52). Uma vez tendo subido a Jerusalém, o menino Jesus se perde e é encontrado entre os doutores ouvindo-os e interrogando-os (2,43.46), os quais ficam extasiados com a sua inteligência e as suas respostas (v.47). A resposta de Jesus aos seus pais que o procuravam aflitos (v.48) nos faz constatar uma autoridade não apenas humana mas também de caráter sobrenatural: «por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?» (2,49). Durante as tentações (4,1-13), Jesus também demonstra sua autoridade de Filho de Deus, tendo-o como único alimento (v.4), estando disposto a adorá-lo, prestar culto somente a ele (v.8) e não tentá-lo (v.12).
Em seguida, a autoridade de Jesus se mostra durante o seu ensinamento na inauguração de seu ministério público. Segundo Lucas, Jesus começa o mesmo voltando para a Galiléia, sendo impulsionado pelo Espírito Santo, e sua fama se espalha por toda a região circunvizinha (4,14). Neste seu peregrinar ele ensinava nas sinagogas e era louvado por todos (v.15). A mesma é caracterizada pela presença e manifestação da autoridade de Jesus durante seu ensinamento, seja quando ele é acolhido com fé pelos seus, seja quando é rejeitado pela indisposição dos mesmos em mudar de mentalidade. Jesus, ao contrário dos profetas do AT, introduz sua mensagem dizendo: «em verdade eu vos digo» . Trata-se de uma declaração solene que indica uma linguagem cristológica implícita proferida com autoridade. O comandamento de Jesus a «ouvir» ou «escutar» seu ensinamento também indica sua autoridade (cf 8,8). Assim sendo, o ensinamento e discurso de Jesus são marcados pela sua autoridade divina que inicialmente é motivo de admiração para muitos: o povo presente na sinagoga (4,22; 5,26); as multidões fora (8,4); os discípulos em particular (18,26) ou os que se encontram dentro do Templo (19,48). Mas mesmo que seus adversários inicialmente se disponham em acreditar na sua autoridade messiânica (4,22; 5,26), depois que ele os convida a uma mudança de comportamento, eles passam a rejeitá-lo (4,28-29; 6,11; 11,53-54; 20,19).

Ao libertar os oprimidos

Depois de verificarmos como a autoridade divina de Jesus é constatada por meio de suas palavras e ações em 4,16-30 e exposto sobre sua ocorrência ao longo de seu ministério de ensinar, refletiremos sobre a presença da mesma na sua ação de libertar os oprimidos. O modo como os espíritos impuros se comportam diante de sua ação torna ainda mais evidente a sua autoridade messiânica. Em Cafarnaum, por exemplo, a autoridade de Jesus foi desafiada por meio do poder do mal (4,31-37). Mas ele transforma suas palavras em ações, expulsando o espírito impuro do homem possesso e restabelecendo sua saúde, demonstrando sua autoridade e poder messiânico (4,31-37). Jesus indica com sua ação que o Reino de Deus começa a se fazer presente no mundo (cf. 4,19). E ele, por meio de sua autoridade messiânica, dá a seus discípulos a mesma autoridade sobre os espíritos impuros ou demônios (9,1). Autoridade que consiste em um importante aspecto de sua vida e de sua missão (19,12). Do mesmo modo se verificam também outros casos semelhantes (cf. 8,26-39; 9,37-43a). Assim sendo, podemos concluir dizendo que a autoridade de Jesus não se resume somente em palavras, mas também em ações, ou melhor, em palavras que se complementam em suas ações.

Ao perdoar pecados (5,17-26) 

A partir de agora passamos a refletir sobre um dos mais importantes aspectos da autoridade messiânica de Jesus, o qual se dá na sua missão de perdoar os pecados. O contexto propício para constatar a mesma é aquele da cura do paralítico (5,17-26).  Lucas narra pelos menos cinco histórias de conflitos entre Jesus e seus adversários (5,17–6,11). O texto que trata sobre a cura do paralítico é a primeira dentre estas e indica que o conflito está para iniciar apesar da admiração de seus adversários diante do perdão dado e cura realizada por Jesus (cf. 5,26). Em tais histórias de conflitos se constata a autoridade de Jesus, bem como a indisposição inicial dos líderes judaicos em mudar de vida (cf. 4,28-29). Achando-se em uma casa em Cafarnaum Jesus viu quatro homens que, após terem retirado as telhas do teto, descem um paralítico em uma maca colocando-o diante dele pois não encontraram uma outra forma de fazê-lo por causa multidão. E é a fé deles que chama a atenção de Jesus e provoca seu comandamento: «homem, teus pecados ti estão perdoados» (5,21). A autoridade de Jesus ao pronunciar tal declaração é evidente. A mesma é colocada em evidência por meio do verbo «disse». Já o perfeito, passivo («estão perdoados»), nos faz constatar a ação de perdoar pecados cumprida no passado por Deus, agora atualizada por meio de seu Ungido. Ação essa que, de acordo com o tempo verbal (perfeito), tem um valor duradouro. Assim sendo, o perdão de Deus concedido por meio de seu Filho consiste num fato sempre atual. Contudo, os fariseus e doutores da Lei, vindos de todas as aldeias da Galiléia, da Judéia e de Jerusalém que se achavam ali sentados (cf. 5,17), presenciando o fato começam a «raciocinar» sobre a autoridade de perdoar pecados de Jesus (5,21; cf. 11,15). Eles acusam-no de blasfêmia por lançar mão de uma prerrogativa exclusiva de Deus no passado, de acordo com a tradição judaica, cuja pena é o apedrejamento (cf. Lv 24,15ss). Entretanto, o que eles questionavam entre si é percebido imediatamente por Jesus. A sua resposta é dada de maneira categórica e com autoridade: «para que saibais que o Filho do Homem tem o poder de perdoar pecados na terra» (5,24). Podemos notar um contraste entre os termos «poder» (v.21) e «autoridade» (v.24) . O mesmo indica que o Filho do Homem não tem somente o poder mas também a autoridade de perdoar pecados. Neste sentido, Jesus estabelece uma relação entre céu e terra ao dizer que o único que tem poder de perdoar pecados «nos céus», está presente por meio de seu Messias e Filho para perdoar pecados «na terra» (v.24). Jesus, usando de sua autoridade divina, comanda em seguida ao paralítico: «eu te ordeno, levanta-te, toma teu leito e vai para tua casa» (5,24). Ele não somente tem o poder de perdoar os pecados do paralítico, o que faz em primeiro lugar, mas também de curá-lo, o que faz para demonstrar sua autoridade messiânica e divina. 

FONTES DE PESQUISA



http://www.abiblia.org/ver.php?id=1189
https://escoladominical.assembleia.org.br/licao-1-o-evangelho-segundo-lucas/

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